Identidade


Um amigo suicida costumava dizer

Em pensar desatinado

Deixa vagar a precisão

Sabe-se lá o que perpetram.

Mil luas divagadas

Mãos em regime extraordinário

Tantas luzes pouco iluminam

– se assim tudo for –

Um pouco fica no caminho

Engenheiros de cabeça

Tanto é estrada.

Coroado a toda volta

Certezas não encontradas

Por estilhaços de vidro

Subindo na esquina

Um hospital cheio de cabeças?

Fábricas descomunais produzindo nada

O que anda a cabeça a fazer

Taxativas de amores transgredidos, transgressores

– oh prestígios de morte – 

Tão certo quanto o fulgor do vagalume

Esta cabeça não é minha

Escuro céu sem chama

Responder a propostas tão pouco discretas

Engloba e silencia o que pretende

Que se pode pedir da atenção veloz

Tateando, tateando lentamente

Pervertida ignorância nela executa

Sobe, ascende, transforma

A duvida da correspondência

A flecha lançada em arco só se finda em consagração

Mente grossa alucinada

Em cima dela e aparecer

Explosão de comenta, fração.

Apalpar com investigação

Perda de uso

Cada vez menos sei se posso ser

Fruto verde apodrecendo

Cabeça em uso não pertence

Porque cai pela base

Deveras a quem sente.

Memória outra

Outra vida

Dizer seria matar ou morrer

A cabeça tem de responder

Entregue já está

Cabeça herética, enganadamente  

Sangrando em bicas

Está viva

A que percursos desavindos a insinua?

Cabeça vazia, sem vento

Eis outro problema impresso em tinta.

Digamos, da própria cabeça.

Herberto, coroação.


Por: Jessica Leite.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Emendas sentidas