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Identidade

Um amigo suicida costumava dizer Em pensar desatinado Deixa vagar a precisão Sabe-se lá o que perpetram. Mil luas divagadas Mãos em regime extraordinário Tantas luzes pouco iluminam – se assim tudo for – Um pouco fica no caminho Engenheiros de cabeça Tanto é estrada. Coroado a toda volta Certezas não encontradas Por estilhaços de vidro Subindo na esquina Um hospital cheio de cabeças? Fábricas descomunais produzindo nada O que anda a cabeça a fazer Taxativas de amores transgredidos, transgressores – oh prestígios de morte –  Tão certo quanto o fulgor do vagalume Esta cabeça não é minha Escuro céu sem chama Responder a propostas tão pouco discretas Engloba e silencia o que pretende Que se pode pedir da atenção veloz Tateando, tateando lentamente Pervertida ignorância nela executa Sobe, ascende, transforma A duvida da correspondência A flecha lançada em arco só se finda em consagração Mente grossa alucinada Em cima del...

Compor, sentir

Ó vida minha canta meu coração vida estranha Era a primavera o rio rápido subia Ouvia o mar bater sem conseguir compreender Era o tempo dos primeiros amores E tudo era possível era só querer Era tudo tão simples quando te esperava E era o carnaval os bailes os cortejos Chamais e vêm todos os que antes chamáveis Esse ser dos espantos medonhos? Não as envolve a sombra do mínimo manto Era, era, tanta coisa Trinta dias tem o mês, ele próprio coisa feita É formidável janeiro quando se aproxima belo, era uma vez E para ver-te verdadeiramente A melhor coisa que fez Às vezes se te lembras procurava-te Mas o preço que pago por te ter, se soubesses como é, Tu sabe como era E havia para as coisas sempre uma saída Olhai as coisas que já há muito não olhávamos O choro lava os olhos e com novo espanto Esperas por quem talvez tenha morrido Eu não te faço falta e não tem sentido ou nem sequer talvez tenha existido E não deixa de ser legítima a pergunta:...

Filme

Presente a cena Do cosmo ao chão Long shot. O movimento da mão que recria Na fusão de um de flash forward o zoom perfeito. Tantas elipses constitutivas de regra só o romper delas Cada linha uma tortura Sangue em dedos e unhas Marca a vida no papel que pulsa O caos não se anuncia Eminencia de morte clamando a vida Claquete estrala. O silêncio oco Ecoa, reverbera, ressoa Expansão do que se acaba para existir Fade In nascido de Fade Out Chicote. do chão ao cosmo novamente em fúria da morte é vida Desejo de alucinação composto Climax. Não resolvido, delírio Devir de tudo e todos perdido Corte. O poema passa na tela! Por: Jéssica Leite.

Olhar

Dia radiante Alguém veste cinza Uma luz triste Um desejo de vida A cor que se perdeu – Talvez Vermelho – Escorre no rosto Lenta, Viscosa, Pesadamente. Olhos em brasa Turva visão desfocada Na rua, na transparência da chuva Olha e não vê Passa. Destorce, Esforça, Recorta, Disforma, Nada! Uma flor no caminho tem cor É pisada. Seiva perdida, ferida, chaga Mais viva, que esse cinza que passa Indiferença à vida Olhar vazado que se apaga Imagem retirada. Por: Jéssica Leite.

Crescer

Era depois da adolescência Quando viver já não fazia sentido. E toda a esperança Era um futuro vazio. E o desejo de criança Brincando em casa porque chovia, Um tempo perdido Onde o tempo não se perdia. Depois lama e pele Fusão de uma única cor Sangue transformação de água Diferença não era dor. Era depois da adolescência Quando a vida já não era comprida Correndo com joelho sangrando, única ferida Quando a noite era apenas oposto do dia. Era antes do depois que fora Do barulho estalado da maçã mordida A gargalhada sem motivo, prazer sutil O gosto de vida vivida. O antes do depois se projetou A diferença arbitrária transmudou, O mundo se partiu. E o antes do depois, Depois da adolescência, se acabou. Por: Jéssica Leite. 

Um pouco mais de mais alguém

Belo, Belíssimo... Verdadeiro? Possível... http://www.casalsemvergonha.com.br/2013/11/13/essa-menina-ta-diferente-uma-historia-sobre-se-permitir-ser-mais-feliz/

Mágoa

Ordenar os pensamentos é difícil. Me falta chão sólido para pisar. Eu tento e não consigo, Parece em vão continuar a pensar. Não dá para pensar o ocorrido, Sem pensar o sentimento. Não consigo suportar o vazio, Quero fugir desse momento. Mas fugir para onde? Não posso escapar. Tenho que viver essa situação, Suturar essas feridas da emoção,  Enquanto espero esse momento passar. Eu não sei como vai ser depois,  Mas por agora sei que vou penar. Preciso achar uma saída  Mas nem sei onde procurar. A minha realidade me rodeia, Mas dela, só desejo me separar! Por: Jéssica Leite.